18 janeiro, 2009

Cortiça pode ter de ficar nos sobreiros *

O não escoamento total da cortiça algarvia preocupa os produtores, que ponderam deixar a matéria-prima nos sobreiros.

Desde o ano passado que os produtores de cortiça da serra algarvia não conseguem escoar a totalidade da produção. O refugo, cortiça de menor qualidade, é aquele que fica guardado há espera de compradores.
O problema, que já se verificou com a produção de 2007, e a descida do preço desta matéria-prima está a levar os produtores a ponderarem a hipótese de deixarem a cortiça nos sobreiros.
Segundo Miguel Vieira, da Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão (APFSC), a cortiça da região algarvia é “a melhor do mundo”, o que facilita o escoamento do produto e contribui para a prosperidade de empresas com mais de 15 anos de actividade mas, “há de facto algumas coisas que não foram vendidas, nomeadamente o refugo”, admite.
A nível nacional, um quarto da produção de 2008 continua por escoar. Na região do Alentejo são vários os produtores que relatam casos de material a acumular-se nos campos e admitem ter vendido o produto a um “preço ridículo”, refere a edição do jornal Público de 22 de Dezembro.
A baixa de preços originou também no Algarve casos “em que muitos empreiteiros ficaram com a cortiça, porque o preço no mercado desceu de tal maneira que não lhes compensava estar a vender, porque ao comprarem na árvore o preço foi demasiado elevado para aquilo que existia no mercado”, conta ao Observatório do Algarve Miguel Vieira.
O futuro é visto com preocupação por parte da APFSC. Mudar a produção de cortiça para outro tipo de negócio mais rentável não é possível uma vez que o abate de sobreiros é proibido por lei todavia, há produtores que ponderam deixar de fazer as tiragens de cortiça na altura habitual.
“Eles [produtores] estão com dúvidas se devem fazer as tiragens na altura devida, por exemplo tirar a cortiça com nove anos. Se o preço estiver baixo não tiram, tiram só no ano seguinte ou esperam mais dois anos”, explica Miguel Vieira.
Na Serra do Caldeirão a cortiça tem um crescimento mais lento por isso é retirada de 10 em 10 anos. Por lei, o período mínimo para a retirada da cortiça é de 9 em 9 anos.
“A nossa cortiça aqui, em geral é toda boa e como leva mais tempo a ser criada a qualidade é superior”, sublinha.
A qualidade desta matéria-prima está relacionada com o tipo de árvore de onde é retirada e com o local onde a mesma se encontra geograficamente.

Crise e rolhas de plástico

A crise no sector corticeiro está relacionada com muitos factores: “Para já a crise a nível global, o consumo dos vinhos, talvez, a diminuir e a introdução dos plásticos em substituição da cortiça”, aponta Miguel Alves.
“A industria da trituração tem uma palavra muito grande a dizer, porque 25 por cento da cortiça é para rolha o resto é lixo, ou seja, é para ser triturado, portanto se os triturados descem de preço, logo a nível global a cortiça tem também de descer”, refere.
Os triturados podem ser utilizados, por exemplo, para fabricar isolamentos para habitações.
Não há dados oficiais sobre a quantidade de produção de cortiça na Serra do Caldeirão, que ficou gravemente prejudicada nos últimos incêndios.
“Antigamente havia os sensos e eram obrigados a declarar as arrobas de cortiça retirada. Hoje em dia isso já não é obrigatório, portanto, ninguém declara. Efectivamente não há um controlo”, admite o técnico da APFSC.
O produto da serra algarvia tem grande procura, sobretudo a nível nacional. A procura internacional tem vindo a aumentar, sobretudo por parte do mercado italiano.
Em Portugal, o montado alimenta uma das mais importantes indústrias nacionais, contribuindo em 0,7 por cento para o PIB. A cortiça é ainda responsável por 2,3 por cento das exportações nacionais, alcançando cerca de 854 milhões de euros, em 2007.

* Inês Correia in "Observatório do Algarve"

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