28 março, 2008

Regional

De 100 fábricas de conservas restam três no Algarve - Nenhuma consome atum algarvio

Hoje, já nem o único industrial de Vila Real de Santo António - povoação onde há meio século chegaram a conviver mais de 30 fábricas - consome o atum que passa na costa do Algarve, a caminho da desova no Mediterrâneo.

A fábrica de Dâmaso Nascimento é uma das três conserveiras de todo o Algarve, e a mais recente, mas a região chegou a ter uma centena de unidades de conservas de peixe em simultâneo, nos anos 50 e 60.
"Encomendo-o a uma empresa de Vigo, na Galiza", esclarece o empresário, sublinhando que a espécie capturada pelos galegos a bordo das suas "fábricas piscatórias" no Mar do Norte é bem diferente da "espécie algarvia", hoje à beira da extinção.Enquanto os espécimes do Mediterrâneo (Thunnus thynnus), também chamado atum azul, mas com um interior mais vermelho, podem chegar aos 500 quilos, os espécimes que a Dâmaso Conservas importa (Neothunnus Albacora) não ultrapassam os 170 quilos e têm um peso médio de 90 a 100 quilos. Hoje, a mesma região que teve 100 fábricas - além das 30 de Vila Real, sete em Tavira, cerca de 40 em Olhão, 30 em Portimão e duas em Lagos - não tem atum, nem tão pouco frota pesqueira para o capturar.

Em 2002, a Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT), que estipula regras para a pesca do atum-azul, estabeleceu um máximo de 32 mil toneladas anuais de capturas no Atlântico e no Mediterrâneo.Em Novembro de 2006, o ICCAT, numa tentativa de evitar a pesca em excesso, reduziu ainda mais esse limite e até 2010 só será permitido pescar 25.500 toneladas.

Fonte do IPIMAR (Instituto de Investigação das Pescas e do Mar) disse à Lusa que os valores capturados em Portugal - cerca de 1.000 toneladas/ano - são "uma gota de água" comparados com aqueles valores.Depois do fim das capturas nacionais em jaulas e do fim da frota de pesca há três décadas, as capturas ao largo do Algarve estão por conta exclusiva de uma "jaula" que se encontram no Oceano junto à Ria Formosa, explorada por uma empresa japonesa.

A "Tunipex", assim se chama a empresa, recolhe o atum que regressa do Mediterrâneo depois da desova e encarrega-se de o engordar, durante quatro a cinco meses.Procedem depois à captura individual dos espécimes e ao seu envio para o Japão, por via aérea, conservados com meios tecnologicamente avançados.Graças a esses meios, os exemplares são vendidos nos mercados japoneses como peixe fresco e chegam a atingir preços de 150 a 200 euros por quilo.

Ao contrário dos portugueses, os espanhóis têm vindo a aumentar as capturas por todo o Mediterrâneo, chegando a rebocar as próprias armações durante 30 dias, até Múrcia, acrescentou a mesma fonte do IPIMAR.Os especialistas da ICCAT calculam que, mesmo com cotas e limitações - entre as quais as de usar satélites e meios aéreos para detectar cardumes -, as capturas excedem actualmente em 40 por cento os limites legalmente estabelecidos, isto é, rondarão as 37 mil toneladas/ano até 2010.

Comparativamente com estes valores, as 200 toneladas de atum do Mar do Norte importadas por mestre Dâmaso Nascimento são uma gota de água num oceano de atum.

Mas o nível de capturas e o jogo da oferta e da procura podem fazer crescer ou baixar os preços e condicionar o negócio do antigo director de produção. Lusa

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