Objectos de pele de cortiça vão estar em 100 locais de venda até final do ano
Sandra Correia - Em entrevista ao "Diário de Notícias"
Por: José Manuel Oliveira

Já em 1995, então com 23 anos, e após ter concluído a licenciatura no Instituto Superior de Comunicação Empresarial, em Lisboa, Sandra Correia começou a trabalhar na empresa do seu progenitor, a Nova Cortiça, em S. Brás de Alportel, onde ainda hoje são fabricados milhões de discos para as rolhas de champanhe exportados para todo o mundo. Os "genes familiares" contribuíram para aumentar o interesse por aquele sector, até que surgiu a Pelcor, empresa inovadora a nível mundial ligada à comercialização de produtos manufacturados de pele de cortiça, a qual lidera há dez anos. "Surgiu exactamente devido a uma necessidade sentida na NovaCortiça, onde aprendi toda a técnica e fiz a minha escola", conta. "Quando em 2002, em face de várias conjunturas, tivemos um excedente de matéria-prima de qualidade, e uma vez que contávamos com parcerias com outras empresas, começámos a desenvolver a linha de produtos em pele de cortiça", lembra ao DN Sandra Correia. E por sempre ter sentido o sector "muito masculino", sonhou em dar a esta matéria "um toque e uma sensibilidade mais femininos".

Além de um estabelecimento em S. Brás de Alportel, a Pelcor conta com uma loja no Centro Comercial do Campo Pequeno, em Lisboa, e comercializa ainda os produtos num total de 60 unidades de retalho espalhadas pelo País. Até final deste ano, espera ver a pele de cortiça em cem estabelecimentos. Mas é na exportação que Sandra Correia mais aposta, em mercados como os Estados Unidos - o principal cliente - Inglaterra, Espanha, França, Japão e China. Em breve seguir-se-á o Dubai e os Emirados Árabes.
Madonna é a sua fonte de inspiração. "A forma como tem gerido a carreira de cantora e empresária é uma grande referência para mim", afirma. "Ela é de uma inteligência fabulosa, com excepcional capacidade de trabalho e ideias, e está sempre à frente na moda", enaltece Sandra. Elege como lema 'o sonho comanda a vida'.
Conta com nove colaboradores na empresa, todos jovens, cuja técnica é ser "simples" e "com uma leveza feminina" no tratamento cativa as pessoas. Define-se como "alegre, trabalhadora e comunicativa. "Quando tenho um objectivo luto por ele até ao fim", sustenta. "Sou perseverante e nunca desisto, factores decisivos para o sucesso empresarial", defende. Já o seu principal defeito é "pensar mais com o coração do que com a cabeça em termos financeiros. Muitas vezes, devia ser mais rigorosa e pensar mais em números. Tenho de deixar de ser benevolente. Ainda tenho uma visão romântica nos negócios".
Como "não se pode ter tudo na vida", Sandra Correia, que está a concluir, em Sevilha (Espanha), o doutoramento em Gestão e Estratégia na Área Empresarial, de forma a poder leccionar em universidades, prescinde, para já, de vida familiar. Benfiquista, com 36 anos e solteira, admite no entanto adoptar uma criança dentro de quatro anos.
Depois de ter ganho, em 2007, o prémio de Empreendedora do Ano, "o expoente máximo", atribuído pela Associação Nacional dos Jovens Empresários, não descura outras ambições na vida. Política? "Não, para já. O que não quer dizer que um dia não aconteça."
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