15 fevereiro, 2008

Objectos de pele de cortiça vão estar em 100 locais de venda até final do ano

Sandra Correia - Em entrevista ao "Diário de Notícias"

Por: José Manuel Oliveira

Nasceu praticamente no meio da cortiça. Na infância passeava de burro com o avô paterno, António Correia, em propriedades da família no concelho de S. Brás de Alportel, na serra algarvia, onde brincava junto aos sobreiros e às alfarrobeiras. Na época própria, varejava amendoeiras. Ser "perseverante" e manter "os olhos bem abertos" foram os principais conselhos para a vida transmitidos por aquele familiar, que Sandra Correia sempre considerou "um sábio". Na fábrica de cortiça do pai, César Correia, conhecido ex-árbitro de futebol internacional, "brincava com pedacinhos de cortiça". Recorda o "cheiro da cortiça cozida", o "método de a trabalhar, os valores humanos e tudo o mais inerente" àquela actividade industrial, além da imensa curiosidade que a levava a "fazer muitas perguntas".

Já em 1995, então com 23 anos, e após ter concluído a licenciatura no Instituto Superior de Comunicação Empresarial, em Lisboa, Sandra Correia começou a trabalhar na empresa do seu progenitor, a Nova Cortiça, em S. Brás de Alportel, onde ainda hoje são fabricados milhões de discos para as rolhas de champanhe exportados para todo o mundo. Os "genes familiares" contribuíram para aumentar o interesse por aquele sector, até que surgiu a Pelcor, empresa inovadora a nível mundial ligada à comercialização de produtos manufacturados de pele de cortiça, a qual lidera há dez anos. "Surgiu exactamente devido a uma necessidade sentida na NovaCortiça, onde aprendi toda a técnica e fiz a minha escola", conta. "Quando em 2002, em face de várias conjunturas, tivemos um excedente de matéria-prima de qualidade, e uma vez que contávamos com parcerias com outras empresas, começámos a desenvolver a linha de produtos em pele de cortiça", lembra ao DN Sandra Correia. E por sempre ter sentido o sector "muito masculino", sonhou em dar a esta matéria "um toque e uma sensibilidade mais femininos".

Um guarda-chuva em cortiça, idealizado por aquela empresária, foi o primeiro objecto lançado pela Pelcor, numa Feira Internacional de Mulheres Empresárias Ibero-Americanas, em Almeria (Espanha). "As pessoas ficaram completamente boquiabertas por se tratar de uma grande inovação e não paravam de questionar como é que a cortiça nos pode proteger da chuva", congratula-se Sandra. Por ser na altura apenas uma amostra ainda sem cálculos de custo, nem tinha preço. Só depois foi colocado no mercado por cerca de 70 euros, que ainda mantém. A partir de então, não tardou a surgir com sucesso um rol de produtos, concebidos por designers, desde o pouf americano (uma espécie de banco), malas para senhora, pastas e sapatos, até candeeiros, blocos de apontamentos, canetas, cintos, molduras, porta-chaves, caixas, carteiras e luvas, com os preços a oscilar entre os cinco e os 280 euros.

Além de um estabelecimento em S. Brás de Alportel, a Pelcor conta com uma loja no Centro Comercial do Campo Pequeno, em Lisboa, e comercializa ainda os produtos num total de 60 unidades de retalho espalhadas pelo País. Até final deste ano, espera ver a pele de cortiça em cem estabelecimentos. Mas é na exportação que Sandra Correia mais aposta, em mercados como os Estados Unidos - o principal cliente - Inglaterra, Espanha, França, Japão e China. Em breve seguir-se-á o Dubai e os Emirados Árabes.
Se não fosse a cortiça, teria enveredado sempre pela área do marketing ou publicidade, por serem as de que mais gosta. Ou seria jornalista. "Outra área que aprecio imenso é a comunicação interna nas empresas, que já desenvolvi", afirma a empresária.
Madonna é a sua fonte de inspiração. "A forma como tem gerido a carreira de cantora e empresária é uma grande referência para mim", afirma. "Ela é de uma inteligência fabulosa, com excepcional capacidade de trabalho e ideias, e está sempre à frente na moda", enaltece Sandra. Elege como lema 'o sonho comanda a vida'.

Conta com nove colaboradores na empresa, todos jovens, cuja técnica é ser "simples" e "com uma leveza feminina" no tratamento cativa as pessoas. Define-se como "alegre, trabalhadora e comunicativa. "Quando tenho um objectivo luto por ele até ao fim", sustenta. "Sou perseverante e nunca desisto, factores decisivos para o sucesso empresarial", defende. Já o seu principal defeito é "pensar mais com o coração do que com a cabeça em termos financeiros. Muitas vezes, devia ser mais rigorosa e pensar mais em números. Tenho de deixar de ser benevolente. Ainda tenho uma visão romântica nos negócios".

Como "não se pode ter tudo na vida", Sandra Correia, que está a concluir, em Sevilha (Espanha), o doutoramento em Gestão e Estratégia na Área Empresarial, de forma a poder leccionar em universidades, prescinde, para já, de vida familiar. Benfiquista, com 36 anos e solteira, admite no entanto adoptar uma criança dentro de quatro anos.

Depois de ter ganho, em 2007, o prémio de Empreendedora do Ano, "o expoente máximo", atribuído pela Associação Nacional dos Jovens Empresários, não descura outras ambições na vida. Política? "Não, para já. O que não quer dizer que um dia não aconteça."

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