26 junho, 2007

INOVAÇÃO / TECNOLOGIA

Alfarrobeiras podem ajudar a combater aquecimento global
Por: Filipe Antunes ("Barlavento")

Estudo pioneiro identifica alfarrobeira como espécie privilegiada na absorção de CO2. Resultados são preliminares, mas parecem ser suficientes para incentivar expansão dos pomares de alfarroba.

A Associação Interprofissional para o Desenvolvimento da Produção e Valorização da Alfarroba (AIDA) está a avaliar os impactos da alfarrobeira na absorção de dióxido de carbono (CO2) na região do Algarve.
Por agora, os resultados são apenas preliminares, mas existem já indicadores que apontam esta espécie como um sumidouro privilegiado dos gases responsáveis pelo fenómeno do efeito de estufa e consequentes alterações climáticas.
Segundo Manuel Caetano, vice-presidente da AIDA e director da Danisco, uma multinacional de transformação de sementes de alfarroba com sucursal em Faro e sede na Dinamarca, o estudo está a ser desenvolvido pelas Universidades do Algarve e de Évora e o objectivo é certificar os dados obtidos.
Recentemente, o projecto passou a contar com a colaboração do Ministério da Agricultura, faltando contudo afinar alguns pormenores quanto ao cálculo de carbono efectivamente absorvido.«Há ainda algumas dúvidas, mas o trabalho já feito permite afirmar que um hectare de alfarrobeiras, com cerca de 120 árvores com uma copa média de cinco metros, é capaz de fazer sumir cerca de quinze toneladas de CO2 ao ano», observa Manuel Caetano.
Segundo Pedro Correia, investigador do Centro de Desenvolvimento de Ciências e Técnicas de Produção Vegetal da Universidade do Algarve, a explicação para esta capacidade de absorção reside no facto de a alfarrobeira «ser uma árvore de folha perene [tem folhagem ao longo de todo ano], com elevada longevidade e adaptada aos vários tipos de solo».Segundo o investigador, «uma gestão adequada do coberto vegetal pode assim funcionar como sumidouro de carbono do CO2 atmosférico, sendo capaz de o transformar em biomassa nas folhas, troncos e raízes».Quando tratada, a árvore tem inclusivamente uma vegetação que permite que as folhas façam orientação solar durante o dia, permitindo assim uma melhor absorção do CO2.
Esta deverá ser uma boa solução para incentivar o incremento da plantação de pomares de alfarroba na região algarvia, até porque o próximo Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013 considera a alfarroba como uma fileira estratégica.«Temos, neste momento, cerca de 50 mil hectares de alfarrobeiras no Algarve. Mas vão ser criados novos pomares, visto que há um projecto neste Quadro de Referencia Estratégica Nacional que prevê a plantação de mais oito mil hectares de alfarrobeiras», diz o director da Danisco.
Toda esta dinâmica terá impactos a médio prazo, o que leva Manuel Caetano a sugerir a necessidade de desenvolver um estudo de mercado e avaliar as consequências de um eventual incremento na produção.«Quando aumentamos a quantidade de árvores, coloca-se um problema que é o excesso de oferta, o que terá consequências em termos de mercado», pelo que a solução reside «no aproveitamento e dos subprodutos que resultam da alfarrobeira».
Como alternativa ao previsível excesso de produção pode estar a produção de bio-etanol ou biocombustível, uma ideia já divulgada pelo «barlavento» e que se afirmará como uma alternativa aos derivados do petróleo.Ao que o «barlavento» apurou, o projecto permanece sólido, existindo mesmo a possibilidade de o desenvolver em colaboração com outros produtos, nomeadamente a beterraba, que se revelou igualmente eficaz na produção de combustível.
Segundo os cálculos de Manuel Caetano, será possível instalar uma unidade de produção de bio-etanol, no Algarve, «nos próximos cinco anos», desde que o aumento da produção de alfarroba se cifre em mais dez mil toneladas.

Como se mede o carbono absorvido por uma árvore?

Esta investigação tem por objectivo quantificar o carbono em alfarrobeiras a uma escala regional, com base na sua morfologia e padrões de crescimento.
Para calcular o carbono absorvido por uma alfarrobeira com um determinado diâmetro e idade, o estudo está a seguir uma linha que consiste no corte da árvore – separando posteriormente ramos, troncos e raízes – e respectiva pesagem. Depois deste processo estar concluído, estima-se que uma árvore possa absorver uma quantidade de carbono correspondente a 50 por cento do seu peso seco.«O objectivo é partir para a criação de modelos e estimativas alométricas, que tenham capacidade de ter em consideração os múltiplos diâmetros das alfarrobeiras existentes no território», explica o investigador da UAlg Pedro Correia.
Posteriormente, a ideia é encontrar um modelo próprio dentro das várias alternativas em estudo. Só depois desta etapa se poderá fazer uma quantificação extensiva aos vários pomares de alfarroba existentes no Algarve.

Um fruto rentável

Estima-se que, no final de 2005, existissem cerca 93 mil hectares de alfarrobeiras no Algarve: 13 mil de pomar ecológico, 15 mil de pomar industrial e 65 mil em pomar misto, ou seja, convivendo com outras árvores, nomeadamente amendoeiras.Portugal é o terceiro produtor mundial de alfarroba – os primeiros são os espanhóis e os segundos os marroquinos – mas o aumento da produção nos últimos dez anos pode transformar o país no segundo produtor de alfarroba do mundo.Do fruto da alfarrobeira tudo pode ser aproveitado, embora a sua excelência esteja ligada à semente. É daqui que é extraída a goma, que tem uma elevada qualidade como espessante e permite múltiplas utilizações na indústria alimentar, farmacêutica e cosmética. Já a polpa da alfarroba – 90 por cento do peso do fruto – é aproveitada para doçaria variada, pão e alimentação animal.

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